VOTAÇÃO DO CONCURSO DE CONTOS "Um mineiro na Cidade Maravilhosa"

Apresentamos o conto "Um mineiro na Cidade Maravilhosa", da autora  Carolina Angélica de Oliveira Passos (adulta)
Leia aqui o conto na íntegra. Para votar, é só curtí-lo Um mineiro na cidade maravilhosa
(infelizmente curtidas em páginas compartilhadas não poderão ser contabilizadas)


UM   MINEIRO   NA   CIDADE   MARAVILHOSA
 João, pedreiro no interior de Minas Gerais, cansado de tanto carregar peso e receber um salário miúdo, decide tentar a vida numa cidade grande.   Pega carona num caminhão e vai para o Rio de Janeiro. Carteira de Trabalho sem assinatura de nenhum patrão, roupas manchadas de cimento e cal...   Dentro de uma mochila, gasta pelo tempo, leva   suas roupas surradas e sua esperança.     De longe, a mulher e os filhos acenam a mão.  “ Vai com Deus, pai! ”  “ Vai com Deus, João! ”João enxuga uma lágrima na manga da camisa e   acena sua mão calosa.

Caminhão estrada afora e, no coração, um turbilhão de ideias se emaranhando.Não sabia onde iria morar, onde iria trabalhar...   Só sabia que estava indo...  Lá no Rio, seu amigo Mateus, que já tinha ido um ano antes, iria recebê-lo...Menos mal.   Não estaria tão sozinho.         Depois de horas rodando, João enxerga, através de um buraco da lona do caminhão, um morro cheio de casas miúdas. Olhos curiosos, coração em disparada, vai engolindo sua ansiedade...         De repente, o caminhoneiro fala:  “ É aqui, João. Pode descer. ”         Desce da carroceria com sua mochila de pedreiro mal pago.“ E agora, para onde vou? ”         Apesar de tanta carência, tinha um celular barato, presente de sua mulher Luísa, empregada doméstica em casa de patrões generosos.   Ganhara no último Natal.         Ligou para o Mateus.   O amigo o recebeu no seu barracão pobre e no seu coração generoso.         Foram dias para conhecer aquelas belezas todas da Cidade Grande, até que arrumasse uma colocação.         O olhar deslumbrado, o coração galopando, subiu as escadarias do Cristo Redentor e, lá de cima, sua vista se iluminou.Nunca vira o mar.   De repente, diante daquele cenário deslumbrante, sentiu-se gente, sentiu-se vivo.         O que João conhecia eram canteiros de obra, carrinho de carregar cimento, pá...   E nada além de sua cidade pequena e de sua vida pequena.         O mar com sua beleza deslumbrante ia esparramando espuma na areia branca.   “Que beleza! ”         Depois, Mateus o levou para conhecer o Pão de Açúcar.  Da janela do bondinho, via abismado a paisagem misteriosa da Cidade Grande.          E João queria ainda conhecer mais.   Quinta da Boa Vista e os casais namorando deitados na grama bonita.  Pensou consigo mesmo:  “ Lá na minha cidade, nunca vi isso...  Que lindeza! ”         Mas as praias, o Mar de Copacabana, o Mar de Ipanema, o Arpoador, a Vista Chinesa...  “ Ai, meu Deus, que beleza! ”         Como, até então, João só conhecia estádio pela Televisão, seu amigo Mateus foi com ele ao Maracanã.   Era dia de jogo importante.   Nem acreditava no que via.   Tantas pessoas juntas, os gritos, os aplausos, as vaias e os jogadores correndo num “sem parar” de tirar o fôlego.         Aquilo é que era jogo.  Ver de perto as artimanhas do futebol, os fogos, e a multidão, mãos para o alto, vibrando enlouquecida...         Mas chegou o dia de procurar serviço.   Só servia de pedreiro ou servente de pedreiro.  Era o que ele sabia fazer e o fez desde criança, ajudando o pai, lá em Minas Gerais.         Andou, andou, andou, subiu morro, desceu morro e nada...         Quase desanimando, querendo voltar pra Minas, pegar carona no caminhão de novo, João ainda teve um lampejo de lucidez.         “ Se não consigo nada no que sei fazer desde menino, posso pedir emprego num posto de gasolina...”         E conseguiu.   Com poucos dias já tinha aprendido direitinho o seu novo ofício.    E até assinaram sua carteira   de trabalho.“ Que beleza!   Até hoje, minha carteira estava em branco”.         Tempo passando   e João trabalhando duro como frentista.  Conheceu pessoas, conheceu lugares bonitos nos dias de folga.  Mas o mar, as ondas, as praias, a espuma se espraiando na areia... nunca antes tinha visto tanta maravilha assim...         Tempo passando e o pedreiro do interior de Minas cada vez conhecendo mais gente, fazendo amigos, surpreendendo-se com a beleza do novo, da Cidade Grande, da Cidade Maravilhosa!         Finalmente, foi a Minas e pôde trazer sua mulher e seus dois filhos.   De mudança.  Botaram os trens   num caminhão e desceram sua mudança simples em um barraco na periferia.  Com sua persistência, sua garra, foi melhorando de vida.   Luiza, sua mulher dedicada, foi trabalhar num salão de beleza.   Como faxineira.   Com carteira assinada.   Esse era o seu sonho.         Os filhos foram para a Escola   com suas mochilas novas...  E até tinham celular.         Passeavam com o pai, quando ele estava de folga no serviço, e, aos poucos, seus olhos meninos foram conhecendo os encantos do Rio de Janeiro e deslumbrando-se com o mar e a beleza da água espumante lambendo as areias brancas.         João mudou-se para a cidade grande...  No Posto de Gasolina, conheceu pessoas que acreditaram nele.   Não demorou muito, foi trabalhar numa rede de lojas de materiais de construção.  Desse assunto ele conhecia.         Todos os domingos, subia as escadas do Cristo Redentor e, de joelhos, agradecia pela felicidade de ter chegado aonde chegou.            E o Mateus, que lhe estendera a mão, quando chegou   ao Rio de Janeiro, ficou sendo inquilino do seu coração, a morada do afeto e da gratidão.


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