VOTAÇÃO DO CONCURSO DE CONTOS "Corcovado"
Apresentamos o conto "Corcovado" Nice Neves Butta (adulta)
Leia aqui o conto na íntegra. Para votar, é só curtí-lo Corcovado no Facebook
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Corcovado
Antes
que o despertador tocasse, ela acordou. A alma estava cansada. Não abria mão do
coador de café invadiu a pequena casa com três cômodos. O céu avermelhado
prometia um lindo dia de sol.
Foi
até a cama que dividia com o filho e o acariciou. O uniforme estava no cabide.
O velho calçado perfeitamente engraxado. O lanche na geladeira. Pedro estava
contando os minutos para o dia do passeio da escola que finalmente chegou.
Iriam ao Cristo Redentor.
De
onde morava, no alto de um morro da Pavuna, podia ver lá no horizonte o
Corcovado. Um dia, quem sabe, iria até lá. Mas o ingresso era tão caro e havia
tantas coisas a fazer... Consertar o chuveiro, por exemplo. O filho estava
realizando seu sonho, e isso a deixava
feliz.
Fez
mil recomendações ao filho. Que ficasse colado com a professora, não falasse
com estranhos e nem encostasse na beirada. Afinal de contas, eram tantas
crianças.
Seria
bonito ver o Rio lá de cima. O azul do céu e do mar juntos numa só pintura. Um
Cristo de braços abertos, testemunha das alegrias e tristezas da Cidade
Maravilhosa.
Saiu
cedo a fim de recolher as garrafas pet do bairro. Na verdade, recolhia o que aparecesse como, por exemplo,
papelão ou latinha para complementar pensão que recebia. Outro dia, encontrou
um cartão postal justamente do Cristo Redentor junto com os livros didáticos
que estavam na sacola.
Os
livros passaram a ficar na mesa, ao lado da televisão, e o cartão postal ao
lado da imagem de Nossa Senhora de Aparecida, da qual era devota. Com fé, pediu
à Santa que olhasse pelas crianças e que pudessem retornar sãs e salvas. Tinha
medo de bala perdida. Olhou o cartão postal e o coração sossegou.
Naquele
dia, sua imaginação voou feito um passarinho recém- liberto. Quis ganhar o
mundo, bater as asas sem fim. Como se plainasse lá de cima do Corcovado em um
balé solitário em forma de asas.
À
noite, cansados pelo passeio e trabalho, deitaram na cama para dormir. Pedro
relatou, novamente, em detalhes cada momento daquele dia. A vista maravilhosa.
Será que, de binóculo dava pra ver a casa deles lá de longe? A mãe ouvia
encantada.
Pedro
abraçou a mãe e disse:
-Mãe,
obrigado por me dixar ir ao passeio. Eu adorei ver o Cristo lá de cima.
Com
uma lágrima que teimava corajosamente em cair, Maria do Socorro da Silva sussurrou
no seu ouvido:
-Obrigada,
meu filho. Eu vi o Cristo através do teu olhar.
E
dormiram felizes com a alma dos passarinhos.